[Lac] gobierno de internet posicion en portugues
Diego Saravia
dsa at unsa.edu.ar
Sat Sep 18 02:09:37 BST 2004
algunos amigos tradujeron mi posicion al portugues
Título: Governo de Internet
Autor: Diego Saravia - ONG Hipatia e Universidade de Salta/ Argentina
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Governo de Internet
Diego Saravia
Costuma-se associar a palavra governo com a tomada de decisões sobre o
governado.
No caso da Internet o conceito de governo é inaplicável.
A Internet foi desenhada como uma rede dispersa. Seus núcleos e conexões
não
requerem uma infra-estrutura central e têm milhares de "proprietários", ou
decisores.
A Internet representa um esforço colaborador, onde cada um deve arcar com
sua conexão à rede, em seguida a rede leva e traz suas "mensagens" a
qualquer outro ponto da rede ao custo dos outros pontos.
O desenho implica reciprocidade e aceitação desta regra para poder
participar.
A Internet não depende dos governos, nem estes -em geral- têm autoridade
constitucional, histórica, ou de nenhum tipo sobre a mesma. Ainda assim os
governos poderiam regular certos aspectos vinculados a alguns tipos de
relações, sempre as "mensagens" poderão ser rastreadas por outros, livres
da
regulação legal ou imposta pelos estados ou em todo caso empresas.
Isto é, os cidadãos do mundo não delegaram a seus governos nacionais a
autoridade constitucional, legal ou consuetudinária sobre suas mensagens na
Internet. Para que um governo democrático possa atribuir-se legitimidade de
origem sobre sua porção de Internet (e esta definição seria difícil de ser
estimada), deveria realizar um plebiscito. É difícil ver, por outro lado, o
interesse social deste processo. Por um lado os usuários não têm um peso
proporcional à representatividade de seu governo, é mais o conceito de peso
relativo, essencial à idéia de democracia e governo que lhes é distante.
Mais afastado da realidade é a tentativa da ONU e da UIT (International
Telecommunication Union) de "ter algo a ver com a Internet", ou com o que
eles denominam seu governo e muito mais com o esquema corporativo de
governos, empresas e civis da WSIS (world summit on the information
society).
Portanto as decisões na internet são tomadas pelos donos de seus núcleos,
ou
seja, seus usuários. O único que tem que consensuar-se é a distribuição dos
IP (Internet Protocol) e as rotas, que com Ipv6 (Internet Protocol Version
6) deixaram de ser escassos e por onde não haverá necessidade de tal
administração. Por exemplo, cada usuário pode definir seu DNS (Domain Name
Server), não é necessário optar pelas zonas oficiais da ICCAN (Internet
Corporation for Assigned Names and Numbers).
A Internet é o produto da decisão destes usuários, que escolheram o
protocolo IP sobre outros: IPX, DECNET, SNA, SMB, etc. Escolha tomada na
base da inter-operabilidade e da liberdade dos protocolos e o software
livre
de referência, que a construiu e se construiu no processo. Todos seus
protocolos essenciais são livres, definidos pelo consenso técnico com a
idéia política da liberdade.
Idéia ratificada pelo voto dos usuários que a preferiram. Isto é, os
técnicos da liberdade criaram o protocolo IP, as pessoas o escolheram como
sistema de comunicação global. A rede de organismos, comitês, grupos de
trabalho que mantem e melhora essas propostas é quase incompreensível e
difusa, e isso é bom. As pessoas continuam escolhendo se as usam e em tal
caso como. A multidão é cada pessoa que acessa ou administra um ponto, um
site, em suma cada PC. Pessoas distintas têm distinta influência e também
diferente responsabilidade.
No entanto, nenhuma rede de controle, ou grupo, ou rede conspiratória ou
secreta pôde assumir esta totalidade, como muitos dizem que aconteceu nas
democracias estatais. As tentativas de estabelecer um "governo " de
internet
impulsionadas por variadas frentes poderiam estar centradas no acionamento
destas redes hierárquicas e controle por círculos ascendentes, mas estão
destinados ao fracasso.
Neste processo o governo esteve ausente, e isso é razoável e deve continuar
assim. As empresas globais estiveram opostas mas tiveram que construí-lo.
O
modelo de custo fixo ao invés de um operado por distância e tempo
arruinaria
seus negócios
A Internet deve ser uma rede universal, redundante, descentralizada, com
usuários com a possibilidade de anonimato ou identidade virtual, como
prefiram. Haverá serviços que os governos darão a seus cidadãos mediante a
Internet, tudo bem, mas o "governo do mesmo" não é um serviço útil, nem
sequer definível.
Os governos regularam as conexões e a última milha garantindo o acesso
mediante a eliminação da pobreza, estabeleceram penas por algumas condutas,
garantiram a liberdade de conhecimento como direito humano, mas não
governaram a Internet. Têm tarefas, mas não o controle. Devem trabalhar
para socializá-la e promover bons valores.
A Internet é um novo espaço mundial não sujeito a fronteiras nacionais,
corporações globais, e sim da vontade dispersa e em rotação contínua de
seus
usuários que decidem qual protocolo, redes, hardware, e software utilizam
para suas mensagens.
Diego Saravia
dsa at unsa.edu.ar
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